Recentemente recebi a emocionante notícia que serei pai. É fantástico este processo, pois faz parte de um sonho.
Porém, confesso que como homem, a conexão ainda é baixa. Nós (homens) precisamos interagir com a criança para nos sentirmos, de fato, pais. Já com a mãe tudo é muito mais mágico. Mesmo tendo menos de um centímetro, a mãe tem uma facilidade de já começar a se sentir mãe, afinal é no corpo dela que este novo ser está se desenvolvendo.
Recentemente ganhei de presente de um grande casal de amigos um livro chamado “Então você vai ser papai”, do autor Peter Downey. Para todos que estão nesta fase, recomendo. Uma leitura leve e bem humorada sobre este novo papel.
E entre uma risada e outra, me peguei resgatando uma antiga crença: que um dos grandes presentes que um pai pode dar à um filho é admirar e respeitar a mãe dele. Mesmo que não mais casados, a figura de pai e mãe para esta criança será eterna e os sentimentos um pelo outro precisa ser de carinho. Qualquer sentimento negativo, de frustração, incomodação, raiva, tristeza, não tem nada a ver com a criança. Não foi ela quem escolheu ter os problemas que os casais possam ter. Por isto, sempre o melhor remédio para a relação pais e filhos é o amor. Um filho que se sente amado, supera qualquer problema na relação. Mas é justamente quando o amor é colocado em dúvida, que esta relação tão simbiótica torna-se frágil. Pais erraram, erram e continuarão errando. O meu consolo é que um dia meu filho, assim como eu, sentará na frente de alguma psicóloga para falar sobre o que fiz ou deixei de fazer. Isto é fato. Porém, o que não quero que ele, jamais, pense é que não é amado. E para se sentir assim, o filho precisa experimentar este amor dos pais, precisa ouvir, precisa validar no dia-a-dia.
A mim, um pai ainda em formação, me cabe o exercício de refletir sobre que pai quero ser. Na fase que estou, é comum o assunto da gravidez da minha esposa virar assunto nas rodas de amigos, e muitas pessoas ficam pensando no tipo de filho que querem. Mas esta será uma opção dele e não dos pais. A questão é que tipo de pais queremos ser. Que exemplos daremos. Quais os valores serão passados. Que experiências propiciaremos a estas crianças que um dia farão parte de um mundo do qual não estaremos mais. É o maior legado que podemos deixar, e portanto, merece a maior e mais contínua reflexão.
Muitas vezes, na educação aos filhos, o valor maior está no que será aprendido, e não necessariamente no que é ensinado. E entender esta diferença nos permite a capacidade de constantemente validar o que pensamos e o que queremos que eles pensem.
Também tenho percebido ao conversar com as pessoas sobre a gestação do meu filho que muito se debate sobre a posição de ser um super pai. Mas até que ponto ser protetor é mesmo positivo? O excesso de proteção é uma ilusão de que estamos protegendo as crianças. O mundo em que elas viverão não será imune a problemas e uma frustração pelo caminho nos ensina o devido valor da vitória. Percebo ao meu redor, uma geração de pais culpados pelos divórcios, excessos de trabalho e ausência de carinho, tentando recompensar entregando presentes e protegendo o seu filho de tudo e de todos. Mas o mundo não será este e lá na frente, poderão ser crianças com dificuldade de lidar com os problemas, que inevitavelmente, virão.
Quero ser a referencia de uma pessoa que não desiste diante dos erros e dos problemas. Que reconhece os pontos fracos e valoriza os pontos fortes. Que estará sempre por perto para ajudar nos momentos difíceis, sem jamais deixar de reconhecer este filho como um ser merecedor de trilhar o seu caminho. E isto independe de idade. Cada etapa ao seu tempo. Mas parte do caminho é apenas do pai, e outra parte é apenas do filho.
Da gravidez à despedida, ficará a eterna pergunta: que pai, e que homem, quero ser para este ser que está, neste plano, como meu filho?
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