Ultimamente tenho trabalhado em um ritmo frenético. Nunca trabalhei tanto na minha vida. Não estou reclamando. Pelo contrário, gosto disto e interpreto como um sinal de progresso. Porém, não é isso que quero para o longo da minha vida. Nem como pessoa, nem como gestor da minha empresa. Ter uma equipe que está precisando trabalhar com sobrecarga, sacrificando alguns momentos de suas vidas pessoais também não é algo que me agrade. A minha geração está ciente de que estamos em uma fase onde isto se faz necessário, mas a pergunta que me faço é: até quando? Até quando as pessoas vão trabalhar até tarde, sem poder curtir um filme, conversar com vizinhos, brincar com seus filhos, tomar um vinho, curtir a esposa (ou marido)? Até quando as empresas vão fazer de conta que isto é sinal de valorização, quando na verdade perdemos e muito a capacidade de pensar dos funcionários?
Acho muito contraditório uma sociedade empresarial que cobra cada vez mais que executivos e demais colaboradores tenham capacidade de gestão quando na prática trabalham como operários. Com muita freqüência, percebo em clientes nossos uma cultura forte baseada no fazer, e não no pensar. Valorizam quem faz, e não quem pensa. Aquele que fica até tarde é trabalhador, e aquele que parou de fato para pensar, apontar as mudanças que necessitam ser feitas, encarou a direção para expor suas idéias é visto como alguém que só quer mudar as coisas. Uma pena! Eu penso muito diferente! Adoro pessoas que me fazem “sair da Matrix”. Existe sempre um outro universo, uma outra realidade, só que não temos tempo para vê-la.
Ah, mas para diminuir o ritmo e a pressão na equipe interna necessitaria mais gente, e por conseqüência mais custos fixos. Mas a saída é simples. Parto de dois princípios básicos. O primeiro é a ganância humana. Bastaria os donos das empresas optarem por não colecionarem com tanta freqüência carros esportivos, viagens para o exterior, mega festas de comemorações, iates, mansões e etc e passarem a distribuir melhor este capital que circula pela empresa. O segundo ponto é a diferenciação do mercado. Uma empresa que consegue parar e pensar para o seu cliente, pode e deve cobrar mais caro, porque infelizmente (não deveria ser assim, mas é), isso é um diferencial. E se pode cobrar mais caro, tem mais margem. Passa a ser um círculo virtuoso e não o vicioso que vemos a grande maioria das empresas trabalharem.
Momentos de mais trabalho, mais tensão e pressão e menos tempo sempre continuarão acontecendo nas empresas, e esta realidade faz parte dos gestores. Mas a pergunta é: até quando? Até quando vou permitir que minha equipe trabalhe assim? Até quando vou precisar trabalhar neste ritmo para conseguir montar uma nova estrutura e recuperar a minha capacidade de pensar e de ser criativo? O problema, é que estas respostas por si só já demandam tempo, e o tempo é cada vez mais curto.
Mas não esqueça do velho ditado: quem trabalha demais, não tem tempo para ganhar dinheiro!
Nenhum comentário:
Postar um comentário